Casos mal resolvidos

Temos aqui casos mal resolvidos. Nossa adolescência em crise não conseguiu resolver coisas simples do coração. Estou me escancarando hoje, depois de anos, e deixando aberto para caso você queira entrar nessa casa que sempre teve seu cheiro, e sempre quis seu beijo. Para experimentar, saber o gosto, matar a curiosidade que antes eu acreditava ser coisas loucas de hormônios, mas hoje escrevo com todas as letras, não era. Eu sempre quis isso. Mas seguimos caminhos diferentes, e nem mesmo a distância me faz esquecer do que nunca tivemos, mas existiu em minha mente.

E foi só na minha mente? Ou a sua também borbulha com essas possibilidades que foram impossibilitadas pelo destino, ocasionadas pelo fim na música, a ausência do cheiro e da rotina. Se eu ainda te visse todos os dias seria diferente? Se nossos pensamentos e conceitos não fossem tão opostos seria diferente? Se você tivesse lutado e eu não resistido seria diferente? Que rotas no levaram a esse caminho? Que caminho é esse que volta e meia me faz dar de cara com essa rota e sofrer de novo as possibilidades de tudo o que poderíamos ter sido e não fomos. E se não fossemos isso tudo, se tudo só sempre existiu na minha mente e só eu definho com essas (im)possibilidades. E sofro de novo.

E quanto mais entender eu tento, mas eu sinto essa sensação que me faz tua, e ela não vai embora tão fácil, ela pousa e faz ninho nesse inverno de incertezas, e depois sai sorrateira pela porta deixando esse gosto de solidão. Se o pensamento é assim, nem imagino o que faria no meu ínfimo coração. Sei que é meio poético, meio adolescente, meio babaca, mas relembrar o passado nos deixa meio recaídos, doentes e doentios demais, por favor, me diga que não é só eu que penso nisso.

Mas qualquer dia passe aqui, tomamos um vinho e botamos as cartas na mesa para que eu não precise mais compor sobre isso. Podemos estar em caminhos diferentes, mas nada os impede que eles se cruzem para reorganizar nossos casos imaginários e nossa mente criativa. Vamos colocar os pontos que esse traçado merece, e deixo que decida, uma vírgula, um beijo ou um ponto. Final.

Alyne Lima
Instagram: @alyneblima