Quando você vem na minha varanda

Nos deitamos à luz do luar, e brisa leve do outono logo veio afagar os seus cabelos que estavam frescos e caiam como cascatas em seus olhos fechados

Seu corpo subia e descia conforme sua respiração lenta

O chão estava um pouco frio e o pelo dos seus braços se erriçavam

Eu te abracei

Bem de leve como se estivesse tocando um algodão

Você se aconchegou

Mas continuou em seu sono profundo

E mergulhou no abismo entre a realidade e o que existe em meu coração

Um lugar onde céu sempre é rosado ao entardecer e que você balança suavemente soltando gargalhadas dessa brincadeira de criança

Mas eu sempre acordo

E deixo dentro de mim aquela doce menina que não sabe dos meus raptos noturnos

Que não sabe que furto sua ideia para ter um momento onde eu posso fazer um roteiro meu e que você segue meu script até a hora do beijo

Porque depois dessa parte eu acho seria intromissão demais não pedir sua permissão

Mesmo em pensamento

Mesmo em pensamento eu consigo sentir o seu cheiro doce

Mesmo em pensamento eu consigo manter em mim a sensação de sua pele quando me toca

Somente em pensamento eu profiro aquelas três palavras que fazem com que seus olhos marejem

Porque aqui

Enquanto estamos perto

Eu somente escuto suas aventuras noturnas com seus amigos mais radicais

Eu concordo e dou corda para as coisas que você acredita serem propícias para você nesse momento

Não te reprimo

Não te pressiono

E ainda fico de braços abertos para quando você chega no final da tarde para ver o pôr do sol na minha varanda

Bobo eu

Alyne Lima

Instagram: @alyneblima