terça-feira, 9 de outubro de 2018

É ato de luta

É um fato: a sociedade está desesperada e desorientada, mas eu nunca vi tanta gente com falta de amor. Pra mim, nós nunca precisamos de um dia do índio na escola, pois todos sabemos que respeitar e valorizar o índio é normal, necessário, obrigação nossa como ser humano. Nunca precisamos de um dia da consciência negra, pois não é nossa cor que nos define e a cor de nossa pele não nos torna menos ou mais humanos. Pra mim, que todos já tinham, ou deviam ter consciência de que somos iguais, perante a lei, perante a sociedade e perante a humanidade também, mas isso não é assim.

Milhares de negros, índios, mulheres, homossexuais são mortos e maltratados - fisicamente e mentalmente - todos os dias e olha que - ainda- temos no poder pessoas que acreditam que essas atrocidades não devem ser legitimadas, que temos direito de resistência, luta e vida. Ou o tempo que sobrar para ser vivido enquanto não estamos lutando para simplesmente existir. Para fazer churrasco na laje ou ir pra universidade pública mesmo depois de tanto lutar com o capitalismo selvagem e a falsa bonança da meritocracia.

É um fato: Não queremos ser privados. Como é fato que também não queremos ser parados na rua por bandidos armados, quem dirá, por pessoas armadas pelo ódio. Queremos educação. Queremos livro e carteira de trabalho na mão, para lutarmos diariamente para termos um país mais equalitário, com mais equidade. Queremos que mulheres continuem na luta diária, tendo acesso à educação e ao trabalho. E que com essas mudanças novas formas de ver o mundo surjam.

Novas formas de ver a construção da família. Novas formas de se relacionar. Novas formas de conviver em sociedade. A sociedade deve estar em constante mutação e progresso. Nunca retrocesso. Nunca 1964. Nunca se prender ao conservadorismo. Não podemos admitir que o país seja banhado de sangue inocente. E seja tomada pela massa branca, máscula e elitista. Queremos mulheres no poder, índios, negros, homossexuais. Queremos ser representados pelos nossos também. E o mais importante: queremos que os nossos não se junte a eles. Pois os opressores não teriam tanta força se não tivesse o apoio - alienado, mal informado - dos oprimidos. Pois somos a maioria e - ainda - podemos resistir. é ato de luta. É ato político.

Alyne Lima

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