A vida muda. As pessoas mudam. O mundo muda. Mas uma coisa sempre permanece fixa e, mais do que isso, necessária para mim. A leitura. Nada no mundo pode me desvirtuar para águas que não me deixem utilizar os livros como boais. Pois é isso que os livros fazem. Eles salvam. Eles nos dão a oportunidade de ver o mundo com outros olhos. Eles nos dão a oportunidade de nos refugiar no nosso mais íntimo submundo e acender uma vela de paz. De ânimo. De amor. De sentimentos puros e verdadeiros de empatia. Primeiro, com nós mesmo e enfim, com os outros.
Além disso, hoje o blog comemora dois anos de existência. Mesmo que por muito negligenciado, principalmente esse ano, ele foi e é, ainda, muito importante para mim. Para minha escrita. Para minha sobrevivência. Com um post no estilo do de dezoito de dezembro de dois mil e dezesseis. Cinco coisas que aprendi esse ano em quotes de livros.
A primeira coisa que convém comentar é: O que eu mais prezava, em 2018 desmoronou. Eu prezava pelo aproveitamento integral do tempo para coisas que fossem úteis. Úteis a um sistema que nos obriga a trabalhar e a estudar, a gerir milhares de coisas sem deixar algo definhar. Nos tornando cada dia menos humanos... como temos o prazer de ler em A Bela e a Fera de Elizabeth Rudnick: "A cada dia que passa nos tornamos menos humanos". Toda essa loucura de produtivismo aos vinte e poucos estilhaça nossa sanidade mental, é como uma praga jogada sobre nossa geração e que a qualquer momento vai explodir, vai ter um tempo limitado. Precisa ter um tempo limitado, pois se não parar. Se não lutarmos, juntos contra esse mal que nos assola, a cada dia que passa nos tornaremos menos humanos, menos nossos, menos presentes. Precisamos de um beijo do Carpe Diem. Do descanso. Do aproveitar o dia. Do aproveitar o hoje.
É necessário cair. Para se reconstruir. Se fortalecer. Nesse sentido, o livro O que o Sol Faz com as Flores de Rupi Kaur me ensinou, dentre várias outras coisas, como autopreservação e reflorescimento são quesitos indispensáveis. É preciso nos amar, para amarmos outras mulheres e juntas serem mais fortes. É preciso não darmos bandeiras para - mais uma vez - as amarras da sociedade que tentam nos moldar, nos entulhar em montes de latarias iguais e que sofrem por nunca apresentarem o mesmo padrão. Podemos soltar nossos cabelos, aceitarmos a cor de nossa pele. E dizer que temos orgulho de sermos quem somos. E florirmos.
"é uma honra
ser na cor da terra
será que você imagina a frequência
com que as flores me chamam de casa"
Dando complemento ao que Rupi Kaur nos ensina, no livro A Parte Que Falta de Shel Silverstein o nos mostra que autoconhecimento nos leva ao caminho da completude. À medida que descobrimos o universo ao redor – e também a nos mesmos –, percebemos que as relações interpessoais são muito mais complexas e delicadas do que pensavamos e que a felicidade quase sempre está dentro de nós mesmos – e não no outro. Uma prova de que a liberdade é o maior bem que podemos possuir. (O livro todo é muito pequeno, não vou me deter em um citação em específico)
Nunca é demais aprender sobre feminismo e sororidade, e entre um dos livros preferidos do ano Boa Noite da Pam Golçalves nos mostra que o mais absurdo está mais perto do que imaginamos e que temos que estar preparados para vê-lo e confronta-lo.
“Mesmo com toda essa tragédia eu me sinto feliz por ter ajudado de alguma forma. Por ter sido útil. Por conseguir fazer a diferença. Ao contrário do que somos educadas a pensar, as outras mulheres não são nossas inimigas, mas sim nossas irmãs. Um time. O exército que precisamos proteger. ” Pág. 228
Talvez o que posso mais ser grata esse ano foi por ter superado as crises de ansiedade advindas do final da faculdade, e nesse momento somente amizades específicas puderam e estiveram perto para me ajudar, mesmo que não compreendessem bem o que eu estava passando, essas pessoas seguraram minhas mãos e se fizeram presentes. Simplesmente porque eu precisava.
"É essa a questão, não é? Nas amizades. Você não sabe do que ele precisa. Só sabe que precisa."
Harry Potter E A criança Amaldiçoada
Que em 2019 mais leituras valiosas e enriquecedoras sejam possíveis.
Alyne Lima
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