O melhor que se pode viver de um verdadeiro amor

E ele achou o amor perfeito. Aquela que ele jurou não precisar de nenhuma outra.. acreditou que ir para a balada com as "amigos" já não fazia sentido, resolveu falar "Eu te amo". Sua mãe sempre dizia que jovem devia aproveitar a vida. Beijar, conhecer muitas e pegar geral. Ele o fez. Zoou pra caramba nas noites badaladas, correu na noite, gritou até a garganta doer, mas seu grito nada parecia com a calmaria que se aproximava. Um vestido rosa claro de rendinha e a pouca maquiagem, que lhe faziam ainda mais bela. Ele fascinou, se encantou e ficou de longe admirando a garota que acabou de tornando A Mulher De Sua Vida. 

Existem vários tipos de amores... Aqueles casos enrolados, te quero mas não assumo ou aqueles "É isso? Beleza chega pra cá.", amores de verão, amores de primavera... mas quando ele a olhou e no meio de uma multidão sentiu- se único, logo soube, aquilo não era amor de estação, era amor realmente pra vida inteira. Daqueles sabe? Tu olha a pessoa e imagina o casamento, os filhos, os netos... imagina vocês na varanda conversando sobre a vida tomando uma xícara de chá, passeando pelo parque, fazendo compras. Cara, que lista extensa de coisas para fazer com o amor da sua vida você seria capaz de traçar. E só pra aproveitar mais o tempo, queria tê- la encontrado antes. Ir as festas com ela, zoar com ela, gritar com ela... Eles ainda fariam isso? Sim! Mas com ela qualquer minuto era precioso demais. Amar é precioso. Viver é precioso. Mas com o amor da sua vida era mais gostoso.

 Não se arrependia de nada. Não se arrependeu de ter se casado relativamente cedo. De ter se imposto um pouco mais de responsabilidade. Não se arrependeu de amar. Acordar ao lado daquela mulher todos os dias, supria qualquer crítica. Vê-la escolhendo a melhor roupa para um jantar simples ou um simples penteado para um melhor jantar. Adorava ver como seus cabelos se pendiam sobre os ombros e como ela se dava bem com crianças. Era inteligente, moderna, versátil. Mas como amar não era apenas ver qualidades... eles se enrolavam nos defeitos e desenrolavam nos beijos. E riam e sorriam. Um aprendendo com o outro. 365 dias no ano. Até a vida por um fim. 

Ele e seus três filhos. Dois rapazes e uma moça que se parecia tanto com ela que seus olhos não suportavam no momento a olhar. Saiam do lugar onde seus corpos ali se despediam. Foram 50 anos de um casamento puro, límpido e fiel. Tiveram filhos e netos, Fizeram compras, Sentaram na varanda, tomaram chá, Passearam pelo parque E se despediram. Não um adeus, e sim um até breve. Um grande amor se leva para além da vida. Na penteadeira estava sua escova, com alguns fios de seu cabelo já branco. E sobre a cama o vestido rosa de sua mocidade. Ele o abraçou e rememorou flashes das coisas vividas até ali. O casamento, a casa nova, os sonhos, o nascimento dos filhos, seu perfume, seu cheiro. Todas elas doíam. Não no momento que aconteceram, mas agora que já não podia voltar. Em meio às lágrimas, um sorriso, e a certeza de que aproveitou o melhor que pôde. O melhor que se pode viver de um verdadeiro amor. 

Alyne Lima

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