
Ah, as mulheres...
Na verdade.
Ah, você mulher...
Quando te conheci não era muito mais que uma menina de doze ou treze anos no máximo, algumas espinhas no rosto e já colecionava milhões de espinhos de diversos babacas idiotas que encontrava por aí.
Lembro muito bem daquele tal de Paulo, que te convenceu a dar o primeiro beijo atrás da quadra da escola, um beijinho de nada, mas pra você eu lembro que significou muito, pois além de ser com o "cara mais bonito da escola", palavras suas não minhas, era o primeiro, como eu já disse,tudo na primeira vez é mais memorável. Parecia mil maravilhas se dois dias depois você já não tivesse borrando a maquiagem (que na época você exagerava), por ter encontrado o bendito Paulo no mesmo lugar beijando aquela menina... Drica, que você odiava. E eu estava lá, levei chocolate, Milkshake, seu filme preferido e até atrasei os meus deveres de casa, mas passei a tarde com você enxugando suas lágrimas.
Depois foi o Marcelo. Ele era mais velho que você, do terceiro quando estávamos no primeiro. Te alertei sobre o que todos diziam que "as do primeiro são fáceis demais", ou que o Marcelo não queria nada com nada e com ninguém, mas você se arriscou. Durou umas boas três semanas, sem choro, sem reclamações... Me contava de seus passeios e o quando ele era fofo, tranquilo e te mandava mensagem toda hora. Eu assentia, sorria e deixava você falar. Até que me ligou em um sábado no meio da noite, desesperada, dizendo que estava na rua com a maquiagem borrada, levemente bêbada e totalmente deprimida. Pediu para eu ir te buscar e eu já ia mesmo que não me pedisse, quando me viu, me abraçou e disse que eu era um bom amigo.
Depois desses vieram outros. Passageiros, temporários, efêmeros. E eu te vi sofrer tantas vezes, sequei suas lágrimas, te fiz sorrir, te dei conselhos (que você não ouvia), e sofria, e muito, por estar por você, mas nunca com você de verdade, você não permitia, não se abria, não me enxergava. Eu sempre fui aquele que estava ali quando seu coração partia, ou aquele que poderia ligar quando a noite não acabasse tão bem, mas nunca poderia ser aquele que te faria feliz pra sempre.... ou por um bom tempo, nosso tempo... eu não tinha e não tenho a intenção de te fazer sofrer como os outros, eu não tenho a intenção de segurar sua mão, olhar nos seus olhos e falar algo que não sinto de verdade. E eu sinto tanto... mas eu sinto muito por você não ver isso... eu sinto que talvez nunca veja... que talvez nunca queira perceber que quem você chama de amigo...
Ah, mulher... Eu vou estar aqui pelo tempo que você permitir, mas não posso te esperar pra sempre... Eu posso atender o telefone de madrugada, mas algum dia estarei acolhendo e sendo acolhido pelos braços de outra... Eu posso sair para um café, mas não posso mais passar as noites checando seu respirar e admirando algo que não posso ter de fato.
Esqueça o Paulo, o Marcelo, o Alex, o Matheus... esquece isso de ficar com quem te chama de linda - eu ensinei meu papagaio a falar isso!- fica com quem te valoriza, passa as noites, manda flores, te escuta, te espera, te acha demais... Fica comigo... Afinal, foi sempre eu que te dava beijo na testa, escolhia o melhor vestido, te comprava as camisas das suas bandas favoritas, e confesso que, às vezes ,chorava escondido quando alguém te magoava e, infelizmente, não tinha ninguém para secar as minhas lágrimas... Mas se não quiser, por favor, abandone o que for passageiro, o que machuca, abandone essa de me iludir pra sempre... E não procure pra sempre, minha menina... Só deixe alguém te encontrar, e abra o coração para isso...
Ah, mulher... Me liga quando precisar. Ainda saberei sua sobremesa favorita.
Alyne Lima
Instagram: @alyneblima
Facebook: Um Café e Mil Rabiscos
Que maravilhoso! Você tem uma escrita tão fluída e que prende muito o leitor ��������
ResponderExcluirQue maravilhoso! Você tem uma escrita tão fluída e que prende muito o leitor ��������
ResponderExcluirPerfeito! Extremamente tocante!
ResponderExcluirExcelente texto,parabéns!o Amor de JESUS é o melhor conforto nessas horas!
ResponderExcluirAmei o texto!
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