
Quando ele vem com seu ronron parece que todo dia longo escorrega por suas mãos e afaga pelos macios. Quando ele vem com seu ronron é uma mistura de calmaria, aconchego e aquele amor de lambeijo, de língua áspera e patas fofas feito almofadas de algodão. Quando ele vem com seu ronron parece que aquele nome de herói televisivo não faz tanto sentido. Ou que aquele nome de comida doce ou boneca não poderia ter caído tão bem. Ele é mais que seu amigo, ele é seu filho, seu rei. Que te engana com essa cara fofa e essa barriga pra cima, mas que sempre se prepara para um ataque de dentes e garras afiadas. Mas ele não é tão malvado assim, nem traiçoeiro, nem azarento, nem indefeso, nem independente, nem egoísta. Você sabe disso, pois se livrou dos preconceitos e se rendeu. E adotou. E tirou da rua. E abriu espaço e soube que sempre houve espaço para esse bichinho peludo. E até percebeu que seu coração é grande demais e sua casa nem tanto assim para o tanto que você deseja adotar e conviver com esses bichinhos.
Tudo bem que suas roupas tem pelo. Sua casa cheiro de leite. Seu carro marca de patas. Seus ouvidos mais ronrons. Mas o que era da sua vida antes disso? Eu, por exemplo, sempre que sentava pra poder estudar ou fazer qualquer coisa que seja, não tinha nenhuma criaturinha pra me acompanhar. Agora eu tenho um "gato de colo", que é aquele que você senta e ela começa a bolar estratégias de como vai aconchegar seu corpo rechonchudo naquele espaço que por mais que não seja o mais confortável do mundo, é o melhor pra ele, naquele momento. E eu já vi em alguns sites (
Outra coisa que percebemos é que eles não são escaladores e equilibristas natos, portanto, você terá que salvá-los de algumas enrascadas e, por vezes, deixá-los miando para que aprendam sozinhos, a descer de um lugar alto, por exemplo. Já me aconteceu de ter que salvar meu gato de um coqueiro, pois além de estar com medo de descer ele estava entalado por conta de sua barriguinha avantajada. E eu, toda bombeira, tive que subir em escadas (também com medo) pra resgatar o danado do gato. Mas, com o tempo, ele vai subir e descer de lugares inimagináveis.
E por mais que eles tenham esse espírito aventureiro, e você tenha presenciado muitos discursos de que "gatos não gostam do dono, gostam da casa", "gatos logo vão embora", você percebe que pode acontecer o que for com eles, mas se você for um bom dono, eles voltam sim para casa. E minha historinha sobre isso diz respeito a minha gata mais velha, Jade, que por ser muito rueira, já se enfiou em brigas e em uma dessas ela se machucou bastante. Quando ela voltou eu percebi pelo olhar dela a tristeza e o primeiro lugar que ela quis ficar foi perto de mim. Mas quando eu passei remédios nela, ela saiu, se escondeu e sumiu. E eu desesperei achando que ela tinha ido embora. Mas ela não foi. E melhorou relativamente rápido.
Você se acha mãe/pai. Pois você tem as mesmas preocupações. Você tem que limpar cocô e ensiná-los o local adequado de fazer sujeira. Você tem que dar banho e levar uns belos arranhões antes de pegar o jeito. Você se preocupa se não voltam pra casa. Você se preocupa em como vão tratá-los quando você não estiver em casa. Você conhece as manias. Sabe o que significam os diferentes tipos de miado. Você faz um book nas redes sociais de fotos fofas. Você o defende. Você sabe a data do aniversário. Você reconhece mudanças de comportamento. Você brinca. Você cuida. Você ama. Você você não liga pra alergias. E você mostra fotos e conta as peripécias deles para seus amigos SIM!
Tenham gatos...
Alyne Lima
Instagram: @alyneblima
Ótimos, lindos, fofos, carinhosos e, por mais que muitos não acreditem (e não encontre pesquisas que apontem), são cuidadosos e sensíveis ao estado emocional dos humanos com os quais convivem.
ResponderExcluirÉ, tenho 5, sendo que uma insiste em morar na rua...