domingo, 8 de janeiro de 2017

Depois de Black Mirror...


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Que atire a primeira pedra quem assistiu todas as temporadas e não adquiriu nenhuma nóia. Eu coloquei uma adesivo na câmera do meu notebook, pois passei a ter certeza de que tinha alguém me observando. Não que eu esteja fazendo algo de errado, claro. Mas, sempre é bom prevenir. E sempre tem aquele peso na consciência: "Nossa, estou mexendo no celular demais, especulando e curtindo a vida de outros enquanto minha fica aqui ó, paradona,  só nesse celular... mas só mais dois likes aqui eu vou...", ou começar a reparar mais o quanto as pessoas não se olham de verdade, não conversam assuntos profundos, quase não representam carinho e amor fora das redes sociais. E você de alguma forma faz parte dessas pessoas, mas na maioria das vezes não admite. 

Eu, pessoa desastrada que sou, dei um fim no meu antigo celular e fiquei cerca de uma semana, ou menos ou mais, sem celular. Normalmente eu já tenho muita dificuldade de concentração por conta do celular. Eu leio, pego o celular, estudo, pego o celular, isso, pego o celular, aquilo, pego o celular. É um vício sem noção que atrapalha minha vida e diminui minha produtividade nas coisas que quero fazer, pois além de não ter um tempo livre sem distrações de rede sociais para focar nos assuntos, eu acabo diminuindo o tempo que eu poderia estar fazendo algo legal, mexendo no celular. Então, passar essa semana sem celular, foi o mesmo que passar uma semana de profundas turbulências, pois eu ficava entre meu EU viciado e o meu EU que estava com Black Mirror na cabeça, então rolava o embate: "Você não precisa disso, aproveita esse momento para ler mais, estudar mais, aquela coisa nem é tão importante assim." versus "Mas e o face?" "Nossa, esse momento dava uma foto" "E o whats?", enfim essas nóias, mas que são importantes para percebermos o quanto da nossa vida estamos de fato "vivendo" e não "encenando viver", 


 Outra coisa que me chamou muito atenção e que está presente em um dos meus episódios favoritos (esse da imagem), é a questão exibicionismo, como nossa sociedade tem sido exibicionista, muitas vezes falso exibicionista, para ser aceita. Chegamos ao ponto que comer antes de postarmos foto do prato não é permitido. Vi um relato sobre isso, recentemente, no facebook, que uma menina sentou no mesa do shopping, ao lado de uma mãe com um filho e eles pediram uma porção de batatas e quando o alimento chegou o menino foi comer, e a mãe deu-lhe um tapa nas mãos dizendo que era pra ele esperar, pois ela precisava tirar foto primeiro. Esse parece ser, e é, um momento onde se exibir é melhor que se alimentar, que passar um momento no shopping com seu filho, perguntar como foi o dia, e essas outras coisas que estamos, infelizmente, nos esquecendo de fazer. 

Por fim, percebemos que essa nóia que o Black Mirror nos deixa, não é de fato ruim, e sim, incomodante, pois, sabemos que algo daquilo tudo se encaixa em nossas vidas, além de que por mais que você ame essa (droga de) tecnologia você teme que ela chegue aquele tipo de ápice, pois será o caos, será estranho, será um monte de coisas que tenho certeza que você já parou pra pensar. 

O ruim foi que nós precisamos desse tipo de "tapa na cara" pra acordar pra vida, pra largar o celular, largar os jogos, os computadores, e pensarmos não só sobre o bem que esses aparelhos nos fazem, mas também o mal que ele nos faz, e o pior, o mal mascarado de bem.~ E você percebe nesse momento que não só pessoas iludem ~. Em vista disso, vamos aproveitar essa sacudida vinda direto das profundezas, e também da superfície, de Black Mirror e... aproveitar mais a vida, e os momentos face a face. 

Meta pra 2017. 

Charlie Brooker explicou o título da série ao The Guardian, dizendo que "se a tecnologia é uma droga - e parece mesmo ser uma - então quais são precisamente os efeitos colaterais? Este espaço - entre apreciação e desconforto - é onde Black Mirror, minha nova série de televisão, está localizada. O 'espelho negro' do título é um que você encontrará em todas as paredes, em todas as mesas, na palma de toda mão: a fria e brilhante tela de uma TV, um monitor ou um smartphone." - Wikipedia 

Alyne Lima

2 comentários:

  1. Primeiro pega o celular, depois acorda, quem nunca. Tbm estou neste embate, pq não gastar o tempo lendo do que com redes sociais?

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  2. Acho que é bem isso mesmo, a série incomoda por tratar de uma realidade muito possível e próxima. E parabéns pelo texto e pelo blog, sempre leio todos ♡

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