quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais

 "O que decidimos fazer como todo tempo e energia que fomos capazes de inventar para nós mesmos?", é um dos questionamentos feitos no livro "Ponto de equilíbrio" da autora Christine Carter, lançado em 2016 pela editora Sextante. Esse livro tem a proposta de nos fazermos refletir sobre como manter o nosso equilíbrio, no meio de tantas coisas que temos que equilibrar, como trabalho, estudo, atividades físicas, e demais afazeres como: cuidar dos filhos, resolver pendências, e tudo isso sem nos desfazer as coisas que gostamos de fazer, ler um bom livro, tirar um cochilo, caminhar ao entardecer.

Eu ainda não concluí a leitura, mas já prevejo que será um daqueles livros que grifarei e aprenderei bastante, pois ele traz coisas que quero realmente incrementar e encontrar na minha vida: a amenidade (tem texto sobre isso aqui no blog), a calma, no meio da pressa que o mundo moderno nos coloca, essa necessidade de ser sempre acelerado para dar conta de tudo, essa vida cheia de pressão e constantes lutas com compromissos familiares e profissionais. 

A autora diz que: "Os mesmos dispositivos que, nos dias de hoje, facilitam a nossa vida também nos fazem trabalhar mais.". E isso parece - e é - óbvio - afinal, quem já não se pegou respondendo mil e-mails ou mensagens de WhatsApp do trabalho antes ou além do seu horário de serviço, e quanto essas mensagens influenciam em todo o nosso dia, no nosso humor, na nossa energia dependendo do seu teor e conteúdo, mas mesmo assim, continuamos deixando nos engolir por essa torrente de mensagens.

É verdade que as novas tecnologias poupam tempo, e às vezes isso nem importa muito, pois preenchemos esse "novo" tempo de formas que não aumentam nem nossa produtividade nem nossa felicidade. E assim, entramos nesse paradoxo. 

Quantas vezes nos deparamos pensando ou desejando uma vida mais tranquila? Poder parar e conversar com o vizinho, brincar com o cachorro e apreciar a alegria dele (sem estar ao mesmo tempo no telefone), desfrutar de finais de semanas inteiros com sua família ou com seu companheiro, lendo por puro prazer, dentre outras atividades que nos tiram dessa roda-viva.

Uma frase que tenho gostado bastante ultimamente é a seguinte: "Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais", coloquei ela como papel de parede do meu computador, pois eu sou dessas pessoas que utilizo a agenda tecnológica para amontoar coisas para fazer, quanto mais minha agenda do Google tiver apertada e colorida com afazeres vários e diversos eu me sentia/sinto: melhor, mais produtiva, mais competente (?)

Até que chegou um momento do ano que eu só quero amenidades, e as coisas que mantém minha roda funcionando são as únicas que coloco na agenda. E tudo bem. 

Eu sei que chega momentos do ano que, com os afazeres obrigatórios, somos mesmos engolidos. O planejamento sai do controle, nossa vida vira de cabeça pra baixo, mas quantos desses compromissos você cria? quantos deles são totalmente dispensáveis, mas é melhor deixar ali para mostrar para os outros que fez? Sua energia e seu tempo valem isso?

Fazer um intervalo é uma maneira de aumentarmos o nosso poder cerebral, e muitas vezes não damos valor a isso, ou encaramos como anti-produtivo. É preciso deixarmos para trás coisas que nos sobrecarregam, como o toque constante no smartphone (o que tenho tentado desde a última semana de novembro desse ano, ficando, no máximo, uma hora por dia no Instagram) , cultivar relacionamentos e vínculos com outras pessoas, fazer exercícios, etc. 

Então, qual a melhor forma de transformar exaustão, ou ansiedade, em energia produtiva? Intervalo, pausa... Nossa exaustão não é um troféu da nossa capacidade de tolerar o estresse, como marca de caráter. Trabalho focado não é o mesmo que trabalho interminável. É preciso dizer o óbvio: somos humanos, e não máquinas. Temos que aceitar o ritmos normais do corpo.

Carter diz, e eu concordo, que: "às vezes, pessoas esforçadas e competentes sentem culpa quando as coisas ficam fáceis (...) Se não está difícil será que estou mesmo trabalhando? Se não estou trabalhando, eu valho alguma coisa?". Muitas vezes já me peguei com esse sentimento de culpa, principalmente nessa época do ano que as aulas, reuniões, palestras diminuem drasticamente e a agenda fica com muitos espaços vagos. A vontade é de preencher com mil cursos e as famosas "oportunidades imperdíveis" que a internet nos lança; mas temos que nos lembrar de ter intervalos, de que viver exausto e alarmado não é necessário.

Então, vamos aproveitar esse tempo que foi criado e propiciado pela tecnologia, não para ser sugado por ela ou pela máquina capitalista, mas para nós, para as coisas que recarregam as nossas energias, nos rejuvenesce e que, ironicamente, aumentam a nossa produtividade.

Essas foram só algumas reflexões feitas e pontos que me chamaram a atenção na Introdução e no primeiro capítulo desse livro - e ele tem 10! - então, se surgir mais algo - e eu acho que vai surgir, venho aqui compartilhar! 


Alyne Lima

Instagram @alyneblima @estudandoletrasportugues

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8 comentários:

  1. Amei esse post e fiquei interessada no livro. Antes, eu ia no ritmo que a sociedade os impõe. Com algumas leituras percebi esse meu comportamento e passei a mudar. As pessoas notaram. Não aceitam que vc não esteja disponível para elas ou para fazer algo para elas na hora em que elas querem, mas acabei "educando" aqueles que convivem comigo. Agora, respeitam e entendem que não sou escrava da tecnologia. Eles até podem ser. É já me ocorreu a ideia de escrever sobre isso 😅 ótimo post. Parabéns!

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    1. Sim, a gente sempre tenta fazer parte da manada né? E é bom demais quando destoamos.

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  2. Eu amei ler isto hoje! Tbm me interessei pelo livro. No início do ano essa era minha meta: equilíbrio e vai continuar sendo para o resto da vida! Parabéns pelo post 👏👏

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    1. Obrigada pelo comentário! Vi que você está lendo o livro por indicação minha! Espero que goste!

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  3. Muito bom, Alyne! Tenho me policiado mais para não ser mais essa pessoa que só se dá por satisfeita quando todos os minutos do dia estão preenchidos com atividades e "produtividade". Também tenho me policiado em relação às redes sociais. É exatamente sobre isso... um meio que foi criado para nos auxiliar e para fazer com que gastássemos menos tempo com diversas coisas, mas agora está nos consumindo.

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    1. Estou acompanhando pelo instagram que você está reduzindo a quantidade de tempo no instagram! Isso muda nossa vida né!

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  4. Texto maravilhoso e já vou anotar a dica de leitura.

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